Olivier Establet, Director-Geral da Chronopost, é o espelho da confiança nas operações da empresa. Os últimos 18 meses foram de crescimento, o lançamento de novos serviços tem atingido o objectivo preconizado e o mercado B2C cresceu exponencialmente.
DH.: De que forma avalia as operações da Chronopost em 2014?
OE.: É nossa convicção que se tratou de um ano de confirmação, pois reitera aquilo que vimos acontecer no segundo semestre de 2013. Ou seja, após alguns anos de recessão no país, a qual incidiu bastante no sector do correio expresso, registou-se um crescimento. Se em 2013 registámos um aumento de 4% nas receitas, em 2014 a percentagem aumentou para 9%. Resumindo, podemos dizer que foram 18 meses de evolução positiva.
DH.: E o que contribuiu para os melhores resultados na empresa?
OE.: Durante algum tempo, incidimos o nosso negócio no mercado B2B, o que, por outro lado, foi o mais afectado pela crise em Portugal. Mesmo em 2014, que foi positivo para nós, não houve um crescimento muito relevante nesta área, mas também não evoluímos negativamente, pelo que acaba por ser um ano neutro. O nosso crescimento deveu-se, sobretudo, ao mercado B2C (aumento de 35% de receitas em 2014) e ao tráfego rodoviário europeu (crescimento de 80% em 2013 e 65% em 2014).
DH.: De que forma perspectiva 2015 para a Chronopost?
OE.: Existe algo que deve ser realçado: estes aumentos de facturação e crescimento da Chronopost não refletem a real conjuntura do mercado, e este é um pormenor que prevemos continuar a conseguir nos próximos anos. Dependerá, sempre, da qualidade da oferta, do serviço, da concorrência e, também, da inovação, área em que trabalhamos de forma afincada. Estamos dependentes de factores externos e internos no que a 2015 diz respeito. Queremos, pelo menos, repetir a prestação de 2014, até porque acreditamos que o segmento B2B irá ganhar um novo impulso. Sabemos também que será complicado sustentar as taxas de crescimento que temos tido noutras áreas.
DH.: A Chronopost tem na Distribuição alguns dos seus principais ramos de negócio. O que apresentaram de novo aos vossos clientes neste último ano?
OE.: Todas as grandes cadeias de Distribuição possuem uma estratégia forte de desenvolvimento no segmento B2C e, nesse sentido, a Chronopost tem procurado acompanhar as principais tendências de mercado, nomeadamente nas vendas online. Fizemos uma aposta um pouco diferente do resto do mercado e onde há margem para a inovação e diferenciação [no B2C].
DH.: E como fizeram?
OE.: Com a estratégia de entregas no denominado "Last Mile" foi a chave do sucesso nomeadamente com o serviço "Pick me!" em que, através de uma compra feita pela Internet, deixamos a encomenda numa das nossas 420 lojas. Trata-se de um serviço de proximidade, porque sabemos que actualmente as pessoas passam o dia todo, todos os dias, fora das suas habitações. Basta ao cliente escolher um dos espaços mais próximos da sua casa ou emprego. Esta acção faz-se no acto da compra online do produto e traz uma grande flexibilidade, permitindo ainda o pagamento apenas no momento do levantamento da encomenda. Na rede "Pick me!" circulam um milhão de encomendas por ano e, destas, menos de 1% são devolvidas. Temos ainda um plano de expansão para este serviço de entregas e, uma novidade apresentada em primeira mão: faremos entregas aos sábados a partir de Janeiro de 2015. Outro aspecto de grande relevância tem que ver com o serviço "Predict", destinado a quem não quer deslocar-se para receber o seu produto, mas que também não pretende ficar em casa horas a fio a aguardar que o motorista toque à campainha da sua casa. No dia anterior à entrega, o cliente recebe um aviso de que vai receber a encomenda, havendo até a possibilidade de alterar o dia e o local onde esta será entregue, bem como reencaminhá-la para a loja "Pick me!" mais perto da sua residência ou local de trabalho. No próprio dia, o cliente receberá um e-mail e um SMS a indicar a hora precisa da recepção da compra. Um outro detalhe de grande importância para a Chronopost, e que está em vigor desde Dezembro, passa pela possibilidade de se interromper o percurso da encomenda sem qualquer tipo de custo para a operação. Achamos que o consumidor tem uma palavra a dizer em todo este processo de entrega da encomenda, contrariamente ao B2B. No B2C o cliente deve ser o centro das nossas atenções. Lançámos, também por isso, um site dedicado aos destinatários - o primeiro para esse efeito - onde podem alterar uma série de opções de entrega no que respeita ao dia, local, entre outros aspectos.
DH.: O e-commerce é um pilar fulcral para o modelo de negócio da Chronopost. De que forma analisa a evolução deste sector em Portugal?
OE.: É, de facto, uma grande aposta da nossa empresa. Temos mantido uma relação estreita com a ACEPI - Associação da Economia Digital, e isso dá uma visão clara da importância deste eixo para a Chronopost. Existem diversos estudos que nos indicam que o e-commerce veio para ficar e nota-se que as companhias que nele apostam são hoje mais robustas e bem preparadas, e os consumidores estão igualmente virados para esta solução. Penso que a recepção sistemática das encomendas, sem falhas, acelerou a aceitação do universo das compras online. A crise também ajudou neste processo, pois o consumidor apercebeu-se de que poderia encontrar o seu produto após dois ou três cliques e a um preço mais competitivo que nas lojas físicas.
DH.: Que argumentos tem a Chronopost para acompanhar esta tendência crescente?
OE.: O facto de sermos patrocinadores de várias plataformas e empresas que apoiam o e-commerce é uma forma de mostrarmos que estamos atentos e temos, obviamente, ferramentas úteis nesse campo. O mercado conta connosco nesta área, somos várias vezes consultados e vistos como uma referência. Estamos, ainda durante o passado mês de Dezembro e já neste mês de Janeiro, a promover a nossa rede de serviços "Pick me!". Diariamente, são cerca de 40 mil os destinatários. A certificação desta rede, que é a única de proximidade em Portugal, deu-nos ainda mais visibilidade e credibilidade. Trata-se de um conceito novo no país, mas que tem tido uma enorme aceitação.
DH.: Nota-se um certo desanuviamento das núvens negras no ambiente dos negócios no país. A Chronopost sente essa pequena retoma?
OE.: O mercado do correio expresso situa-se entre os fabricantes, grossistas, retalho e consumidores finais. Nesse sentido, é um excelente indicador do consumo privado em Portugal e, por isso, uma janela privilegiada para identificar quais as tendências do mercado. O segmento B2B é o mais representativo na empresa e sofreu uma diminuição de operações e receitas muito vincada nos últimos anos e continua numa posição algo frágil. Houve um pequeno crescimento, na ordem de 1 a 2% - que é o primeiro após vários anos -, e apenas posso dizer que estamos agora a entrar numa tendência de crescimento, apesar de moderado e frágil.